A ALIMENTAÇÃO DO BEBÉ

A viagem da alimentação é um factor essencial para criarmos adultos com hábitos saudáveis

Rita Martelo

Nutricionista na Direcção de Qualidade e Desenvolvimento da Marca Própria

Sabe-se que a janela de oportunidade de aceitação de sabores é estreita, começando a fechar-se perto dos dois anos, para encerrar aos três. Se até esta idade a diversificação não tiver sido variada, a apetência da criança a sabores diferentes vai ser praticamente nula, tornando a alimentação monótona num padrão que irá manter-se até à adolescência, consumindo, geralmente, alimentos ricos em calorias mas pobres em nutrientes. É por isso fundamental variar o mais possível os alimentos, para habituar a criança desde cedo a uma alimentação saudável.

 

Existem janelas de oportunidade que devem ser respeitadas para a introdução de novos sabores e novas texturas, uma vez que é nestas fases que os bebés estão mais disponíveis para a aceitação dos diferentes paladares. Caso se fechem estas janelas, a qualidade da diversificação alimentar pode estar comprometida, originando uma alimentação deficitária, quer ao nível do gosto tal como ao nível de nutrientes, podendo comprometer posteriormente a saúde. É desejável que o aleitamento materno seja exclusivo até aos seis meses de vida (180 dias). As evidências científicas mostram-nos que este facto tem um efeito protector relativamente a infecções gastrintestinais, ajuda a estimular o desenvolvimento motor e protege o bebé relativamente ao risco de obesidade e doenças crónicas na vida adulta. No entanto, alguns bebés poderão precisar de alimentos complementares ao aleitamento materno antes dos seis meses, de forma a assegurar um crescimento e desenvolvimento normal. Esta introdução nunca deve começar antes dos quatro meses. Entre os cinco e os oito ocorre uma transição gradual das funções motoras, dando-se a passagem da sucção para a mastigação. A textura dos ingredientes introduzidos deve por isso ser em puré numa fase inicial, mas depois a textura dos alimentos deve passar a ser menos homogénea, para que se habitue a alimentos inteiros.

A relutância em aceitar novos sabores acentua-se a partir do primeiro ano de vida. É importante, por isso, continuar a oferecer novos alimentos, para a criança ir diversificando o gosto, familiarizando-a com os diferentes sabores e texturas dos mesmos. Por vezes são precisas 11 tentativas para que se tenha sucesso com um alimento. A persistência é fundamental, tal como a variedade dos alimentos oferecidos.