À descoberta da ilha das fajãs

São Jorge conta com quase uma centena de acidentes geográficos que são uma das maiores atrações deste território selvagem, feito de altas escarpas e imponentes falésias.

A cada passo dado, é toda uma nova perspectiva, seja sob a forma de uma cascata, de um vislumbre das vizinhas ilhas do Pico e do Faial ou simplesmente pela tonalidade do mar, sempre diferente, consoante o ângulo do qual se observa. Este passeio por São Jorge terá como guia António Azevedo, o director da Uniqueijo, uma das mais importantes fábricas do conceituado queijo DOP, que tornou famoso o nome desta ilha à mesa de todos os portugueses.

Um bom ponto de partida é o Parque Florestal das Sete Fontes, um dos maiores e mais importantes da ilha, com cerca de 12 hectares. É cruzado por veredas ladeadas por ribeiras, onde podem ser observadas diversas espécies endémicas dos Açores.  A cerca de 5 km do parque, a Ponta dos Rosais é outro local de visita obrigatória, para apreciar o espectáculo único do pôr-do-sol. Nas proximidades, uma antiga vigia da baleia, recentemente recuperada, serve agora de miradouro, com vista panorâmica para as vizinhas ilhas do Faial e do Pico.

As duas principais localidades da ilha são as vilas de Velas e da Calheta, ambas sedes de concelho. Na primeira, é bastante famoso o coreto do Jardim da República, considerado um dos mais bonitos e pitorescos de Portugal.

BELEZAS NATURAIS

A maior parte dos aglomerados populacionais da ilha estão situados junto ao mar, nas chamadas fajãs. São Jorge conta com mais de 70 destes acidentes geográficos, criados a partir de abatimentos da falésia ou de escoadas lávicas, que as populações transformaram em pomares e campos de cultivo.  A mais conhecida é a da Caldeira de Santo Cristo, de onde parte um caminho que percorre a costa, com passagem pela Fajã dos Tijolos e Fajã do Belo até à Fajã dos Cubres, eleita uma das Aldeias Maravilha de Portugal. A mais famosa fajã da ilha é, no entanto, a de Santo Cristo, outrora uma das mais importantes. Distingue- -se das restantes pela existência de uma lagoa no seu interior, de água salobra e sujeita às marés. Uma raridade em ilhas vulcânicas que permitiu criar aqui um ecossistema único e de elevada biodiversidade, classificado como Reserva Natural e Sítio de Importância Internacional. Este é também um local de eleição para a observação de aves como o cagarro, o garajau-rosado ou o garajau-comum, três das espécies protegidas que aqui nidificam. Outras fajãs imperdíveis são a dos Vimes, onde existe a única produção de café da Europa, e a do Ouvidor, na qual se impõe um refrescante mergulho nas piscinas naturais da Poça Simão Dias.


PAISAGENS IMPERDÍVEIS

São Jorge tem o seu ponto mais elevado no pico da Esperança, com 1056 m de altitude, de onde se pode apreciar uma vista panorâmica sobre todas as ilhas do grupo central. Chegados à Vila do Topo no outro extremo da ilha, é tempo de conhecer o pitoresco porto de pesca e alguns edifícios históricos, como o Solar dos Tiagos, hoje em ruínas, em cuja capela anexa está sepultado o nobre flamengo Willem van der Hagen (mais tarde baptizado de Guilherme da Silveira), a quem é atribuído o início da povoação da ilha. Num miradouro adjacente à vila é possível avistar o ilhéu do Topo, umas das zonas de pastagens mais ricas de São Jorge, onde  o gado chega a nado, rebocado por um barco.