Em Dezembro, tudo em Alenquer, povoação situada na Região Centro- -Oeste do país, gira em torno do seu famoso presépio, que parte do topo de um outeiro em direcção ao vale. Todos os anos, desde há muito, que na noite de 30 de Novembro para 1 de Dezembro se procede à iluminação do grandioso cenário, que chega a ter figuras que atingem os seis metros de altura. Um fantástico fogo-de-artifício acompanha a inauguração. No centro da vila há, normalmente, barraquinhas com os produtos mais representativos da região e muita animação para a criançada e também os mais crescidos, entre residentes, emigrantes e turistas.
HISTÓRIA SECULAR
A história deste presépio tem pelo menos duas versões: uma que remonta a 1216, que alega ter sido construído pelos Irmãos Franciscanos aquando da chegada de São Francisco de Assis a Alenquer; outra que diz que foi a mais antiga representação física de um presépio conhecida no nosso país, mandada edificar pela infanta D. Maria em 1569. Contudo, a monumentalidade que o torna conhecido nos dias de hoje surge a partir de 1968, com a montagem, na encosta virada para o rio, das suas majestosas figuras.
O QUE VISITAR
A história e o património nacional são bastante ricos, sobretudo relativamente a épocas relacionadas com o Renascimento e a Inquisição. Damião de Góis (1502-1574), uma das mais notáveis vítimas da Inquisição, nasceu e morreu nesta terra. A igreja onde foi baptizado, a de Santa Maria da Várzea, deu lugar, em 2017, ao Museu de Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição, localizado paredes meias com a muralha do Castelo da vila e onde estão sepultadas as suas ossadas. Local de visita obrigatória é também o Museu João Mário, onde se encontram não só as obras do pintor e artista plástico, como também cerca de 400 obras de outros artistas nacionais e estrangeiros. Muito acarinhada na terra, santa devota de Alenquer, é Maria da Conceição Ferrão Pimentel Teixeira, carinhosamente tratada por “Sãozinha”. Em sua homenagem fazem parte do roteiro de visitas o seu jazigo e a casa em que nasceu. Diz-se dela que “era piedosa e pura como um anjo, precoce, inteligente e sempre preocupada com o próximo”. Reza a história que logo a seguir à sua morte começaram a propagar- -se os “perfumes da Sãozinha”, a manifestação sobrenatural da sua presença. O processo da sua beatificação decorre desde 1994. É também nos concelhos de Alenquer e no vizinho Cadaval que se situa a bonita serra de Montejunto. Muito próximo, a não perder a Rota do Vulcão de Meca, que passa pelo cabeço de Santa Quitéria (279 metros acima do nível do mar), onde se pode vislumbrar uma cratera ou pequena lagoa cuja origem está numa chaminé vulcânica pertencente ao remoto Complexo Vulcânico de Lisboa.
OS GUIAS LOCAIS NO PINGO DOCE DE ALENQUER
MARIA DO CARMO CUNHA
Responsável de Charcutaria, há 12 anos no Grupo Jerónimo Martins
“A principal atracção aqui da terra é, sem dúvida, o presépio de Natal e o fogo-de-artifício aquando da sua inauguração. Mas temos outras coisas para serem vistas, como a Casa da Sãozinha, museus, igrejas e o Castelo. Para passear existem uns bons passadiços e um grande parque infantil para levarmos as crianças. Encontramos ainda bons restaurantes e quintas para eventos.”
MICHAEL BRAZ
Adjunto de Loja, há seis anos no Grupo Jerónimo Martins
“A nível cultural, Alenquer dispõe de uma riqueza enorme, sobretudo no que se refere à parte histórica. Há monumentos dedicados ao navegador e filósofo Damião de Góis, incluindo as suas ossadas, que estão depositadas no actual museu com o seu nome. Temos também monumentos ligados à Inquisição e ao 25 de Abril, já que muitos combatentes eram daqui. Alenquer é também muito conhecida pelas suas vinhas e vinhos.”
AUGUSTA LUÍS
Responsável de Fruta e Vegetais, há 12 anos no Grupo Jerónimo Martins
“Apesar de ser do concelho, não sou precisamente de Alenquer, mas recomendo que se visite o Museu João Mário, as muitas igrejas que aqui existem, a Casa da Sãozinha, uma menina que morreu nova e é considerada santa aqui na terra. Também dispomos de vários restaurantes, onde se come muito bem.”
EMANUEL DUARTE
Responsável de Talho, há 11 anos no Grupo Jerónimo Martins
“Esta é uma terra de vinhos e, para além das muitas vinhas, temos a Casa Santos Lima, onde se faz enoturismo, o Museu do Vinho e o Museu Damião de Góis. Na Ota, em Montejunto, há um antigo vulcão, extinto, com parque de merendas e vista para uma lagoa, um sítio muito bonito. Destaco também a Procissão do Senhor dos Passos, 40 dias após a Páscoa.”
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