Porto Santo marcou o início da era gloriosa dos Descobrimentos Portugueses quando, em 1418, ali aportaram os navegadores João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira. Seiscentos anos depois, esta pequena ilha no Atlântico, com apenas 42 km2, continua a revelar-se um tesouro a (re)descobrir.
Ao porto seguro e de salvação de outras épocas chamou-se “santo”, nome que ainda se adequa, tendo em conta tudo aquilo que a ilha tem para oferecer a quem a visita. Está inserida no arquipélago da Madeira, outra ilha que, apesar de maior e famosa, não lhe tira o protagonismo.
POESIA PARA OS SENTIDOS
O extenso areal, de cerca de nove quilómetros, de grãos dourados, finos e quentes ao toque é para muitos a maior atracção desta ilha e a sua imagem de marca. A areia – constituída por microfósseis e pequenos fragmentos de algas calcárias, conchas de moluscos e outros restos fossilizados de organismos marinhos, e por isso rica em carbonato de cálcio, magnésio e estrôncio – tem sido muito procurada para a prática de geomedicina, já que lhe foram atribuídas propriedades anti-inflamatórias e curativas. Também as suas águas cristalinas, não muito frias e ricas em iodo, se tornaram afamadas para tratamentos de talassoterapia ou simplesmente para mergulhar, tanto à superfície como em profundidade. Na baía abrigada a sul da zona portuária encontra-se um local de mergulho onde se pode aceder a um navio naufragado, o Madeirense, e ver de perto, a cerca de 34 metros de fundura, uma variedade incrível de peixes.
PARA ALÉM DAS PRAIAS
A beleza de Porto Santo, cuja única cidade se chama Vila Baleira, não está somente na sua grande praia e nas águas. As paisagens naturais são deslumbrantes e há vários pontos chave: os miradouros, de onde se pode ver melhor a ilha. É o caso dos Morenos, Portela, Pico de Ana Ferreira, Pico do Castelo, Pico do Facho (o mais alto, com 516 metros de altitude) ou o da Ponta da Calheta. Apesar de se recomendar o aluguer de um automóvel, boa parte da visita à ilha pode ser realizada de bicicleta ou através de passeios pedestres ao som da rebentação das ondas do mar e das várias espécies de aves nativas nidificantes que a povoam, entre elas a gaivota-de-patas amarelas ou, mais à noite, a cagarra.
A estada naquela que é também conhecida por “Ilha Dourada” ficaria incompleta se não se saboreassem as suas iguarias mais emblemáticas. O peixe fresco e os mariscos reinam à mesa, como o peixe-espada, o bodião, o atum ou as lapas. Entre as carnes, destaque para o borrego dos pastos da região, os rojões, as espetadas, o “picado” (carne de vaca aos cubos e batatas fritas acompanhadas de um molho típico), o coelho à caçador (é feito com cebola, alho seco, vinho caseiro, vinagre de vinho caseiro, pimenta, entre outros ingredientes autóctones, e já foi finalista às 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa) ou o “prego” servido em bolo do caco, o pão da ilha. Os mais gulosos podem deliciar-se com as rosquilhas, os biscoitos torrados e, entre outra doçaria, as broas de mel. À noite, num dos animado bares de Vila Baleira, bebe-se a popular “poncha”.
A ligação ao mar sempre presente: a ilha marcou o início da era gloriosa dos Descobrimentos.
OS NOSSOS GUIAS LOCAIS NO PINGO DOCE DE PORTO SANTO
SÓNIA RIBEIRO
Gerente de Loja
“A não perder os percursos pedestres Vereda do Pico Branco e Terra-Chã e Vereda do Pico Castelo, excelentes para explorar e conhecer melhor o interior da ilha.”
HÉLDER SILVA
Responsável da Secção de Talho
“Para comer, a melhor opção é o que é da terra, com destaque para o bolo do caco, os ‘picados’ (cubos) de carne ou de peixe e, para adoçar a boca, as Capelas (de São João).”
JÉSSICA GOUVEIA
Operadora da Secção de Talho
“O Verão em Porto Santo é muito animado. Há várias festividades. Só em Agosto, temos a Festa do Espírito Santo, a de Nossa Senhora da Graça e a de Nossa Senhora da Piedade.”
RUBINA VELOSA
Supervisora de Frente de Loja
“O Miradouro do Pico das Flores ou Miradouro da Ponta da Calheta oferece uma vista deslumbrante. Com bom tempo, consegue avistar-se a Madeira.”
A HISTÓRIA EM CINCO PONTOS
A Casa Museu, no centro de Vila Baleira, foi habitada pelo navegador genovês Cristóvão Colombo após o seu casamento com Filipa Moniz, uma porto-santense de gema. Do Forte do Pico, ou Castelo do Pico, uma fortaleza construída no século XVI para fazer frente aos piratas que atacavam a ilha, resta um canhão e umas vistas magníficas, que justificam a subida ao cume. O Palácio Municipal, localizado mesmo no centro da cidade, já foi uma prisão. A origem da sua edificação remonta ao século XVI. O Monumento aos
Descobrimentos, conhecido como o “Pau de Sabão”, tem relevos alusivos à época do infante D. Henrique. A Igreja Matriz, também
denominada Igreja de Nossa Senhora da Piedade, está situada no Largo do Pelourinho, em plena cidade.
VAMOS À ILHA
Como chegar: De avião, a partir do Porto ou Faro, o voo com escala em Lisboa tem a duração de 2h45 e 2h30, respectivamente; a partir
da capital é directo e dura 1h45. Do Funchal para Porto Santo são apenas 25 minutos por via aérea, mas também se pode ir de barco em cerca de 2h30.
Onde dormir: A oferta é vasta, entre hotéis de duas e quatro estrelas, casas de turismo rural e de habitação, uma pousada da juventude e um parque de campismo.
Clima: Ameno e estável ao longo do ano, com as temperaturas máximas a rondar os 25ºC no Verão e os 18ºC no Inverno. Já a água do mar ronda os 21ºC-24ºC nos meses mais quentes e 18ºC nos menos quentes. A melhor época para fazer férias de praia é entre Julho e Setembro.
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