“HÁ MUITO que a saúde mental tem existido na sombra da patologia, do preconceito e da (in)diferença. Temos acesso a cada vez mais informação, mas quantidade não significa qualidade, e essa informação pode ser confusa, contraditória ou incorreta, acabando por contribuir para a propagação de mitos e crenças enviesadas.
A IMPORTÂNCIA DO APOIO PSICOLÓGICO
No contexto da saúde mental, são frequentes as atitudes estigmatizantes e discriminatórias. As pessoas com doença mental são muitas vezes consideradas “perigosas”, “incompetentes”, “exageradas”, “desesperadas por atenção” ou até “culpadas”.
Ainda que as doenças mentais sejam muito prevalentes, constituindo a principal causa de incapacidade na Europa, o estigma e o preconceito sofridos potenciam na pessoa sentimentos de vergonha e medo e têm consequências negativas (por exemplo, exclusão e isolamento, desigualdade de oportunidades, interiorização de ideias erradas sobre si, bullying e violência).
“Os serviços de psicologia
também podem ser úteis
para quem não tem doença mental”
Também se associam a uma maior relutância na procura de apoio psicológico e a adesão à terapia, que é considerada frequentemente como o último recurso na tentativa de evitar rótulos como “doente mental” ou maluco”.
Importa esclarecer que o apoio psicológico não é exclusivo para quem tem doença mental, até porque a presença de sintoma ou sofrimento não implica necessariamente uma situação patológica.
Qualquer que seja o motivo do pedido, a intervenção psicológica bem- sucedida permite à pessoa o desenvolvimento de recursos internos, a promoção de competências e a melhoria na adaptação psicossocial.
Combater o estigma
É crucial e urgente que cada um de nós faça a sua parte para dar visibilidade ao que (na maioria das vezes) não é visível aos olhos. Aceitar as pessoas na sua diferença e falar abertamente e sem preconceitos, com base em informação clara e de qualidade, contribui ativamente para combater o estigma e a discriminação ainda existentes em relação a uma parte intrínseca à natureza humana: a saúde mental.
Catarina Bagio do Carmo
Psicóloga Clínica do Grupo Jerónimo Martins
Edição 114
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