Marco Moutinho
Director Desportivo do Grupo Jerónimo Martins
Os suplementos podem parecer medicamentos mas são considerados géneros alimentícios
Os locais de venda dos suplementos alimentares proliferam, desde ginásios, ervanárias e lojas especializadas, mas a verdade é que se recorrermos ao rigor da evidência científica vemos que quase nenhum suplemento, ou “dieta da moda”, tem os benefícios anunciados nos rótulos, artigos ou opiniões. Segundo o INFARMED, este produtos não é medicamento, “são considerados géneros alimentícios, ainda que com algumas especificidades, como o facto de se apresentarem com formas doseadas. Constituem fontes concentradas de nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico, ou combinadas”. As suas funções são variadas, desde o efeito terapêutico, preventivo, termogénico, melhoria da performance e estético. Um dos problemas é que os suplementos não são obrigados a apresentar a sua eficácia, apenas devem alegar que são seguros, o que se revela um obstáculo nos tempos de hoje, onde a imagem corporal, o querer resultados rápidos e a influência social nos moldam as decisões relativas à nossa saúde.
A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO MÉDICA
Apenas os suplementos de creatina, cafeína, vitamina D, proteína de soro de leite, proteínas vegetais e ómega 3 têm apresentado resultados satisfatórios e na óptica da análise rigorosa da necessidade individual, da saúde e do bem-estar. Um suplemento para uma pessoa pode ser milagroso, para outra, um veneno. Note-se, por exemplo, o caso do cálcio associado à vitamina D, que, quando tomados em conjunto, podem trazer problemas circulatórios. Outro exemplo são os esteróides anabolizantes, cujo consumo pode trazer arritmias, problemas de fertilidade e mesmo a morte. O controlo sobre o seu consumo deve ser mais apertado, bem como acompanhado pelo médico, para que os efeitos primários e secundários sejam ponderados, mas também devemos aumentar/melhorar a educação, a formação, a publicidade e o conhecimento científico para que certos acidentes não aconteçam. Precisamos, cada vez mais, de nos preocupar com os alicerces da saúde: a alimentação, a culinária, o sono e o descanso, a saúde mental, a gestão de stress e a prática de actividade física/ movimento, pois assim será muito mais fácil o corpo encontrar o seu equilíbrio.
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