VIAGEM À TERRA ALEGRE

Os grandes silos à entrada da bonita cidade de Portalegre não nos deixam enganar no caminho. São os “cicerones” que nos conduzem à novíssima e moderna Fábrica de Lacticínios do Grupo Jerónimo Martins. Chama-se Terra Alegre, em honra da localidade que a acolhe, e é daqui que sai o leite de Marca Própria para todas as Lojas Pingo Doce e Recheio do país

A história da Terra Alegre começa a ser contada no final de 2014, quando o Grupo Jerónimo Martins toma a decisão de adquirir a unidade de processamento de leite da cooperativa de produtores de Portalegre, a Serraleite.
A relação de parceria entre as duas empresas já vinha desde 2007, apenas para fornecimento de leite líquido magro e meio-gordo das Marcas Próprias do Pingo Doce e do Recheio. A pequena fábrica, localizada no coração da cidade alentejana de Portalegre, que se estende por uma das encostas da bonita serra de São Mamede, laborava desde o início dos anos 70 do século passado com maquinaria antiga e métodos artesanais. Tinha, por isso, muitas limitações ao nível da dimensão e da capacidade de produção, que não se coadunavam com as necessidades do Grupo Jerónimo Martins. A sua aquisição pelo Grupo viria a concretizar-se a 1 de Junho de 2015 e a partir daí tudo mudou, tanto para a fábrica, que sofreu uma reviravolta nos seus processos e organização, como para os cerca de 70 profissionais que ali trabalhavam, que tiveram de se adaptar à nova realidade. Mas as mudanças não se ficaram por aqui. O projecto Terra Alegre incluía, desde o início, a construção de raiz de uma fábrica de maiores dimensões e com elevado nível de automação, que viria a concretizar-se três anos e três meses depois, na zona industrial de Portalegre.

 

A equipa, experiente e especializada, está muito motivada para enfrentar as exigências do dia-a-dia da nova fábrica

 

“Queremos ser vanguardistas e uma marca de referência conotada com produtos inovadores”

APOSTAR NA DIVERSIFICAÇÃO

Assente em quatro grandes pilares – Produção, Controlo de Qualidade, Manutenção e Logística –, todos eles altamente especializados e importantes em todo o processo, a nova unidade, esclarece o Director de Lacticínios, Pedro Freire, foi projectada para poder corresponder à totalidade das necessidades do Grupo no âmbito de tudo o que são leite, natas e manteigas. “Neste momento, já estamos a fornecer as três Marcas Próprias, Pingo Doce, Amanhecer e Masterchef, com produtos de ‘conservação ambiente’, que são os acondicionados em embalagens cartonadas UHT, ou seja, os ultrapasteurizados”, diz. Em breve a fábrica irá começar a desenvolver um novo tipo de embalagem, em garrafa pet para frescos (leite do dia), seguindo-se outros tipos de leite, como “com chocolate” ou “sem lactose”. “A previsão é de que até Maio a unidade dê um grande salto em termos de diversidade de produtos”, desvenda o Director nesta nossa visita guiada à Terra Alegre, “tendo já sido identificados alguns produtos novos, que vamos propor-nos a fazer, mas neste momento a nossa grande prioridade é garantir o fornecimento de tudo o que já existe”.

CEO da Jerónimo Martins Agro-Alimentar

 

A CONCRETIZAÇÃO DE UM PROJECTO

Em 2014, fui desafiado pelo Sr. Pedro Soares dos Santos para integrar a Jerónimo Martins, com a finalidade de liderar a implementação de um projecto de produção agrícola. Este projecto surgiu com a preocupação central de assegurar a protecção do abastecimento do Grupo, segurança alimentar e rastreabilidade em produtos críticos. O que aconteceu de então para cá? Foram criadas três áreas de negócio bem distintas: Agro-Indústria (lacticínios), Agro-Pecuária (carne de bovino Angus) e Aquacultura (robalo e dourada, numa primeira fase).

Na área de lacticínios, através da Terra Alegre Lacticínios (Portalegre), a nova fábrica, já produtiva, tem capacidade para produzir até 150 milhões de litros de leite. Esta unidade permitiu mais do que triplicar a capacidade produtiva que a fábrica, adquirida em 2015, tinha. A segunda área de negócio, a produção do bovino Angus, está a ser desenvolvida pela empresa Best Farmer em três localizações distintas: Manhente (Barcelos), Cartaxo e Monte de Trigo (Portel), onde já exploramos uma vacaria que produz 11 milhões de litros de leite por ano, que são destinados à nossa Fábrica de Lacticínios.

Por fim, temos a terceira unidade de negócio, dedicada à produção de peixe e desenvolvida pela empresa Seaculture. Esta unidade tem duas explorações: robalo, em Sines, e dourada, na Madeira.

Novas áreas de produção, bem como novas espécies, continuam a ser analisadas, pelo que haverá novidades dentro de algum tempo. Estamos a desenvolver uma nova área na Jerónimo Martins, complexa, com natureza distinta entre as diferentes unidades e todas elas diferentes do negócio do Retalho. O nosso desafio é desenvolver as equipas com as competências necessárias para os diferentes negócios e trabalhar em estreita cooperação com as Companhias de retalho e distribuição, para assegurar que temos a capacidade de ir ao encontro das suas expectativas, pois são elas a razão da nossa existência.

 

Pedro Freire dirige o projecto Terra Alegre desde que entrou no Grupo Jerónimo Martins, há cinco anos

EQUIPAS MOTIVADAS

Os pouco mais de 70 Colaboradores actuais da Terra Alegre transitaram, na sua maioria, da anterior Serraleite, entretanto desactivada. As modernas instalações, a organização, os novos métodos de trabalho e o facto de se conhecerem quase todos há anos fá-los sentirem-se “em casa” e motivados para enfrentar todos os desafios do dia-a-dia da nova fábrica. Dividem-se por três turnos, excepto ao fim-de-semana, como explica Pedro Freire: “Começamos todas as segundas-feiras às 6 da manhã, até às 6 da manhã de sábado, consecutivamente. E porque recebemos matéria-prima todos os dias, abrimos os portões aos sábados e domingos, das 14 às 22 horas, para recepção e controlo analítico da matéria-prima [ver caixa ‘Passo a passo’], para podermos arrancar de novo e em pleno na segunda-feira.”

OS COLABORADORES

Patrícia Ferreira

Gestor de Produção Terra Alegre

“Entrei para a Serraleite em 2001, como Responsável de Qualidade, função que mais tarde acumulei com a da Produção. A chegada do Grupo Jerónimo Martins, em 2015, revolucionou a forma como trabalhávamos, desde a organização, as mentalidades das equipas, as rotinas, etc. Os últimos três anos passados na fábrica antiga, enquanto a nova estava a ser construída, foram uma batalha constante. Quando viemos para a nova fábrica, parecia estarmos a começar do zero: novos equipamentos, novos produtos em marcha, exigências e responsabilidades ainda maiores. Neste momento encontro-me a dar apoio às equipas para implementar melhorias, sobretudo a nível de organização e optimização do trabalho.”

Faustina Amaral

Técnica Administrativa de Recursos Humanos

“Transitei para a Terra Alegre vinda da Serraleite e sempre trabalhei na minha área, Recursos Humanos. Não estranhei a transição, visto já ter passado anteriormente por uma multinacional, pelo que para mim foi mais fácil. Apesar da ansiedade vivida por muitos dos meus Colegas, todos têm conseguido ultrapassar os desafios que a modernidade desta fábrica impõe, sobretudo ao nível de equipamentos, com tecnologia de ponta, dos processos, que são mais exigentes, e das novas formas de trabalhar. Fomos sempre acompanhando as equipas, que ao mesmo tempo estavam com uma imensa vontade de descobrir o que era esperado delas neste novo ambiente. Trabalhar no Grupo Jerónimo Martins e vestir a camisola da Terra Alegre é um orgulho.”

Joaquim Rebelo

Técnico de Transportes

“Trabalho há 42 anos na área e cheguei ao Grupo em 2015, através da Serraleite, onde trabalhava na parte administrativa e financeira. Aqui passei para a Logística. No início, a adaptação não foi fácil, pois não só mudei de área como a fábrica está muito mais automatizada e os sistemas informáticos também são diferentes da anterior, o que obrigou a um esforço acrescido na aquisição dos conhecimentos necessários. Com a ajuda dos colegas e das chefias tenho conseguido ‘levar a água ao meu moinho’. Quando chego a casa, sinto-me satisfeito e realizado, porque consegui cumprir os objectivos que me foram propostos. Esta nova etapa tem sido um desafio constante e uma motivação. O espírito de equipa é muito bom, o que nos motiva a fazer mais e melhor, com vista a servir bem o Cliente final.”

Fernando Semedo

Responsável de Turno

“Quando comecei a trabalhar na Serraleite, há seis anos, fui para a paletização. Um ano depois, já estava como Chefe de Turno. A partir do momento em que viemos para a nova fábrica, apesar de a função ser a mesma, o trabalho é muito diferente. Agora é tudo mais prático e computorizado. Controlamos, a nível informático, desde a chegada do leite em camiões até o produto final estar pronto para sair para o mercado. Antes de enveredar por esta área era professor de Educação Física, pelo que tudo tem sido novo para mim. Estou a gostar muito e todos os dias aprendo coisas novas. Trabalhar no Grupo Jerónimo Martins é um desafio enorme, de muita responsabilidade, mas muito compensador. O voto de confiança que nos deram supera tudo, além de ser gratificante.”

DE OLHOS NO FUTURO

A Terra Alegre tem uma área de construção de 24.000 m2 implantada em 95.000 m2 de terreno. Está, por isso, preparada para poder crescer no futuro. A zona ambiente, por exemplo, onde são produzidos os produtos ultrapasteurizados, pode duplicar. Mas não só. “Acreditamos que a fábrica vá crescer, sobretudo ao nível dos frescos, e é essa a área que vamos para já desenvolver”, adianta Pedro Freire. Por outro lado, está prevista, até ao final de 2019, a instalação de um centro tecnológico e de investigação num espaço já reservado para o efeito, para começar a desenvolver novos produtos, não apenas frescos, como também queijos, iogurtes e outros produtos saudáveis. A ideia, esclarece o Director, é “procurar respostas para aquilo que as pessoas hoje em dia procuram. Queremos ser vanguardistas e uma marca de referência conotada com produtos inovadores de qualidade.”

 

Até ao final deste ano deverá ser instalado um centro tecnológico e de investigação

 

 

PASSO A PASSO

• Os camiões chegam à fábrica, são pesados e higienizados, seguindo-se as análises de controlo hígeo-sanitário do leite, para aferição da qualidade do mesmo, e só então se pode proceder à descarga.

• O passo seguinte é a separação da gordura.

• Sempre com o acompanhamento do controlo de qualidade, realiza-se um primeiro tratamento, que consiste numa pasteurização e num desnate.

• Após este tratamento prévio, e já com a sua gordura definida, o leite é armazenado para realizar mais tratamentos: a ultrapasteurização, no caso do leite UHT, ou a pasteurização alta, no caso do leite do dia.

• Segue-se o transporte, sempre por canalizações, para o tanque asséptico, dando-se então início ao processo de embalagem.